
R$ 35,00
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Título:
O RIO ATRÁS DO MURO Autores:
Ayalla de Aguiar, Daniela Altmayer, Dris Sampaio,
Edgar Aristimunho, Fernanda Rosa (organizadora),
Leonardo Oliveira, Luiza Silva e Marina Wodtke
ISBN
978-85-94187-68-0
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 130 Gênero: Contos Publicação: Class, 2019
A literatura produzida no Rio
Grande do Sul tem uma tradição que remonta às origens da
nossa produção ficcional. Basta lembrar que Caldre e Fião
(1821-1876) está entre os pioneiros da prosa de ficção
nacional com seu romance “A divina pastora” (1847),
antecedido apenas por “O filho do pescador” (1843), de
Teixeira e Souza (1812-1861), e “A moreninha” (1844), de
Joaquim Manuel de Macedo (182—1882), ambos nascidos no
estado do Rio de Janeiro. E, dentro desta tradição, a cidade
de Porto Alegre, atravessando as gerações, aparece como
espaço privilegiado, já tendo sido cenário de inúmeros
romances e contos de autores os mais diversos.
Essa nova coletânea, enfeixada sob o título geral “O rio
atrás do muro”, composta por oito autores (seis mulheres,
dois homens), ousa – e é sempre bom que alguém ouse –
retratar novamente Porto Alegre, contribuindo para que
conheçamos ainda melhor, em todos os seus meandros, essa
cidade que já se fixou no imaginário nacional como lugar
romanesco por excelência. Além disso, os autores nos levam a
um passeio ficcional pelo passado, reconstituindo, de
maneira geral, com competência e propriedade, momentos do
passado do Rio Grande do Sul, que, por si só, configura uma
história rica e singular.
Embora cada um dos autores – Ayalla de Aguiar, Luiza
Silva, Leonardo Oliveira, Fernanda Rosa, Daniela Altmayer,
Edgar Aristimunho, Marina Wodtke e Dris Sampaio – possua voz
própria, é possível detectar um marcante ponto de
convergência: a onipresença da violência. A violência
aparece nas narrativas sempre associada a uma deterioração,
provocada seja pelo ambiente político, seja pelo crescimento
urbano desordenado, seja pelo embate entre mentalidades
rural e urbana, seja por impasses subjetivos. Realistas,
quase todos, os contos revelam e denunciam o autoritarismo,
a corrupção, a misoginia, os preconceitos racial e social, a
homofobia, enfim, todos esses aspectos que afetam e
complexificam a sociedade brasileira. Nesse sentido, “O rio
atrás do muro” cumpre seu papel, que é o cerne da boa
literatura, o de continuar a reverberar após fecharmos o
livro, fazendo com que reparemos o nosso redor sob outros
olhares.
Luiz Ruffato
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