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Título:
CONTOS PARA LER A TRÊS
Autor: Jane Felipe e Pedro Gonzaga
Dimensões: 14 x 21 cm
Gênero: Conto
Ano: 2016
Nossa
coletânea de contos, talvez estranhe, antes mesmo de
começar a leitura, o inusitado do título. Vejamos. Se a
leitura nunca é um momento solitário, pois estamos
ouvindo a voz que lemos — muitas vezes, inclusive,
dialogando com ela —, poderíamos dizer que ela é uma
atividade solitária, prazerosamente solitária. Mas
também temos alguma experiência de leituras a dois,
momentos fantásticos em que a proximidade do outro se
constrói a partir da ponte do texto, em uma triangulação
de mentes. Mas o título fala em três leitores, uma
espécie de ménage à trois (sempre preferi este termo ao
anódino threesome), na verdade uma deliciosa e jocosa
proposta que a Jane Felipe lançou às escritoras e aos
escritores do livro como um ponto de partida para que
houvesse aqui alguma unidade entre as histórias. Prefiro
as coisas que se desviam e que chegam a resultados
imprevistos. Ou seja, da proposta restou o título e
alguns contos em que há variados trios, trios de
narradores, trios de personagens. Mas também outros com
os mais variados acontecimentos, em solos, em quartetos,
em grandes corais. Como é comum em coletâneas, a cada
troca de autor, de autora, um novo mundo se abre, uma
nova forma de contar se revela, e tenho para mim que
este é o grande charme das obras coletivas, sua razão de
ser tão pouco praticada em nossos tempos. Os grandes
narradores do século XX começaram nas antigas revistas
literárias, que celebravam a submissão de contos e os
apresentavam ao púbico, mesclando figuras jovens e
experientes, veteranos e iniciantes. Este também é nosso
caso. Sou dos que creem que uma apresentação deve ser
curta e não condicionar a leitura com comentários
prévios, que bem ou mal impõem um caminho. Experimentem,
arrisquem, leiam aleatoriamente, um conto de cada um dos
participantes, depois voltem, percam-se, e por que não
ler a três, como propõe o título? Um livro é sempre uma
licença para entrarmos num mundo em que está tudo
liberado. |