Título: NA ÌRIS DO SILÊNCO
Autor: Evandro Lpoes

ISBN 978-85-94187-36-9

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 82
Gênero: Contos
Publicação: Class, 2018

A natureza como dádiva e maldição do homem encontramos nos contos “Folhas secas” e “Os peixes pertencem ao mar”. No primeiro conto, temos a natureza carrasca, que oprime os homens até retirar deles o último resquício de humanidade. “O sinhor sabe. Melhor se a gente fosse bicho. De que adianta sê gente, se não pode sê humano”, é a conclusão do protagonista anônimo – cujo anonimato remete aos tantos outros seres humanos que padecem sob as intempéries da vida.
Em “Os peixes pertencem ao mar”, também existe o dilema entre a permanência e a partida, porém, a natureza é bênção, refúgio e alimento. A ameaça é a solidão. O protagonista Teodoro é um homem que vive sozinho, praticamente isolado, ao longo dos seus trinta e quatro anos. A satisfação com a sua própria realidade acaba quando ele se torna amigo de Sbordirov, que revela ao pescador que existem muitas coisas além do mar, de onde Teodoro retira o sustento. Extremamente angustiado, quando é chegada a hora de partir, Teodoro se deixa levar pelo destino de ser “peixe”.
Nos contos “Uma bela tacada” e “Na mira do destino”, o espaço urbano é o cenário dos dramas e conflitos de homens e mulheres que perecem em busca de autoafirmação. O primeiro conto inicia com a tentativa do narrador de recuperar os últimos momentos de Giba, cujo cadáver fora avistado por ele na calçada de um bar. Uma história de traição e vaidade se desenrola à medida em que o narrador tenta desvendar o crime.
Em “Na mira do destino”, mais uma vez a morte dá o tom da narrativa, que tem início a partir do ato extremo do protagonista, um impulsivo poeta, que movido pelo ciúme, atira contra aquele que considera uma ameaça ao seu relacionamento.
Na íris do silêncio, todos os contos são relatos de duelos. O ser humano luta contra si mesmo, contra a natureza e contra o próximo. Seja na busca pela própria identidade, na tentativa de se destacar ou apenas por instinto de sobrevivência.

Fernanda Mellvee