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Título:
DEGRAZIA PINTA PALAVRAS
Autor: Eduardo Jablonski
Formato: 14 x 21 cm.
Gênero: Ensaio Publicação: Bestiário, 2016
A presente análise não se divide por temas ou
recursos de estilo, porque José Eduardo Degrazia é tão
variado, que salta de assunto e abandona técnicas do fazer
poético de poema a poema, de miniconto a miniconto, de
novela a novela. Por isso se optou por analisar cada livro
individualmente, como fez a escritora argentina Susana
Boéchat em livro sobre autores do Mercosul. Em termos de
construção poética, Degrazia explora quem sabe todos os
recursos literários disponíveis na literatura ocidental, faz
uso da metáfora à sinestesia. Esse aspecto se constitui na
fanopeia de Ezra Pound. Ainda tomando emprestado os
conceitos do poeta e crítico norte-americano, trabalha as
rimas, as aliterações e as assonâncias, ou seja, a melopeia.
E desenvolve reflexões filosóficas, o que T.S. Eliot afirmou
ser difícil. O poeta Fernando Pessoa garantiu ser operoso
compor sem figuras de linguagem, e Degrazia também ingressou
por essa vereda. Mas os recursos não aparecem num texto ou
livro, espalham-se pela obra.
Outra forte característica de Degrazia é a
construção de quadros sociais, explorando a beleza do
cotidiano, da mulher, do trabalhador, de infinidade de
temas, como se não fosse artista de texto, mas de artes
plásticas, como se pintasse a palavra e não a utilizasse
para escrever. Além disso, em algumas obras, emprega
elementos épicos. O escritor cubano Virgilio López Lemus
produziu o artigo “La poesía y la narrativa del Brasil
contemporáneo” no qual divulga os principais artistas do
país. Arrola dezenas, porém todos importantes no contexto
literário. Degrazia é referido.
Nos minicontos, transfere a síntese poética à
prosa. É o leitor que deve preencher “o espaço entre a letra
e o espírito”, como desejava Roland Barthes. Degrazia sugere
mais do que diz e amplia o significado como se os minicontos
fossem poemas. Em outros, relaciona a condição humana à dos
animais. Parece descobrir o poder do instinto, mesmo não
mostrando sentimentos ruins contra o ser humano. Ao
contrário, despeja compaixão pelas frestas da palavra. |