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Título:
O ARLEQUIM DE MINERVA Autor:
Giovani Thadeu
ISBN: 978-65-88865-42-2
Formato: 14 x 21 Páginas: 70 Gênero: Romance
Publicação: Bestiário / Class, 2021
Caro Giovani,
Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo originalidade
da ideia e por diversas qualidades que encontrei no relato e
que descreverei nos próximos parágrafos.
Sua novela (pois se trata de uma novela, não de um romance,
nem de um conto) possui a qualidade da “rapidez” que Italo
Calvino elencava entre as suas “virtudes” para o próximo
milênio (milênio que, para nós, já não é o próximo, mas o
atual). Nesse sentido, a novela se aproxima não apenas de
“Macunaíma”, que é uma influência evidente, mas também de
outros relatos que têm na velocidade sua característica mais
marcante, como o “Cândido” de Voltaire. Uma das qualidades
de sua novela é que a ação se desenrola rapidamente e sem
pausa, porém de maneira que o leitor não se perca (exceto em
um único momento, que apontarei mais adiante).
Também achei muito bem sucedida a utilização do tema da
“jornada iniciática”, adaptada aqui ao folclore e a um
momento da história brasileira. A ideia de introduzir o
“monstro” ou a “coisa” de “Frankenstein” nesse universo e
fazê-lo reencontrar-se na brasilidade e no tropicalismo é de
fato inusitada e sem dúvida inédita, ou seja, estamos
certamente diante de um relato que ninguém fez antes.
Apreciei especialmente toda a parte decorrida na floresta: o
encontro com a tribo, a passagem entre as Amazonas, o
contato com as criaturas fantásticas e sua jornada ao
encontro do “guaipeca” que guarda a entrada do inferno. Todo
esse trecho é uma delícia de se ler, e fiquei desejando que
fosse mais longo. Além dessa passagem, destaco o encontro
sexual com a mulher trans. Essa é a melhor cena da novela,
especialmente graças ao diálogo final entre os dois. É ali
que o personagem de fato se torna brasileiro. Também fiquei
com vontade de ler mais cenas como essa, em que você se
dedica a desenrolar a história por meio dos diálogos e das
reações dos personagens.
Também percebi, e apreciei, a variação de linguagem entre os
trechos que se passam no Brasil e aqueles na Inglaterra
vitoriana. A linguagem acompanha a transição de cenas e
temporalidades, o que está muito bem feito e fortalece a
experiência do leitor e a sensação de verossimilhança.
O importante é que Frankenstein se sente à vontade no Brasil
porque o Brasil também é à sua forma um Frankenstein.
José Francisco Botelho.
Sobre o autor:
Giovani Thadeu nasceu em Porto Alegre, RS. Possui graduação
em Filosofia Licenciatura, pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Palestrou em alguns cafés, (Ateliê1 e Casa da
Música) filosóficos sobre "A dialética desde Heráclito até
Hegel", unindo teoria ao cotidiano, com linguagem popular
acessível, e "O Aparecimento dos Castrati no período
Barroco". É professor de canto e tenor, formado pelo
Conservatório Pablo Komlós (OSPA). É formando em filosofia
clínica pelo Instituto Packter. Fez aulas de pintura com as
professoras e artistas visuais, Ondina Pozoco e Michele
Filomena. Continuou seus estudos acadêmicos na área da
Educação UFRGS com os professores Paola Zordan e Máximo
Daniel Lamela Adó, que incentivaram a escrita criativa,
dentro da linha da filosofia da diferença. |