R$ 38,00

Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro!

Título: O ARLEQUIM DE MINERVA
Autor: Giovani Thadeu

ISBN: 978-65-88865-42-2

Formato: 14 x 21
Páginas: 70
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário / Class, 2021

Caro Giovani,

Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo originalidade da ideia e por diversas qualidades que encontrei no relato e que descreverei nos próximos parágrafos.
Sua novela (pois se trata de uma novela, não de um romance, nem de um conto) possui a qualidade da “rapidez” que Italo Calvino elencava entre as suas “virtudes” para o próximo milênio (milênio que, para nós, já não é o próximo, mas o atual). Nesse sentido, a novela se aproxima não apenas de “Macunaíma”, que é uma influência evidente, mas também de outros relatos que têm na velocidade sua característica mais marcante, como o “Cândido” de Voltaire. Uma das qualidades de sua novela é que a ação se desenrola rapidamente e sem pausa, porém de maneira que o leitor não se perca (exceto em um único momento, que apontarei mais adiante).
Também achei muito bem sucedida a utilização do tema da “jornada iniciática”, adaptada aqui ao folclore e a um momento da história brasileira. A ideia de introduzir o “monstro” ou a “coisa” de “Frankenstein” nesse universo e fazê-lo reencontrar-se na brasilidade e no tropicalismo é de fato inusitada e sem dúvida inédita, ou seja, estamos certamente diante de um relato que ninguém fez antes. Apreciei especialmente toda a parte decorrida na floresta: o encontro com a tribo, a passagem entre as Amazonas, o contato com as criaturas fantásticas e sua jornada ao encontro do “guaipeca” que guarda a entrada do inferno. Todo esse trecho é uma delícia de se ler, e fiquei desejando que fosse mais longo. Além dessa passagem, destaco o encontro sexual com a mulher trans. Essa é a melhor cena da novela, especialmente graças ao diálogo final entre os dois. É ali que o personagem de fato se torna brasileiro. Também fiquei com vontade de ler mais cenas como essa, em que você se dedica a desenrolar a história por meio dos diálogos e das reações dos personagens.
Também percebi, e apreciei, a variação de linguagem entre os trechos que se passam no Brasil e aqueles na Inglaterra vitoriana. A linguagem acompanha a transição de cenas e temporalidades, o que está muito bem feito e fortalece a experiência do leitor e a sensação de verossimilhança.
O importante é que Frankenstein se sente à vontade no Brasil porque o Brasil também é à sua forma um Frankenstein.

José Francisco Botelho.

Sobre o autor:
Giovani Thadeu nasceu em Porto Alegre, RS. Possui graduação em Filosofia Licenciatura, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Palestrou em alguns cafés, (Ateliê1 e Casa da Música) filosóficos sobre "A dialética desde Heráclito até Hegel", unindo teoria ao cotidiano, com linguagem popular acessível, e "O Aparecimento dos Castrati no período Barroco". É professor de canto e tenor, formado pelo Conservatório Pablo Komlós (OSPA). É formando em filosofia clínica pelo Instituto Packter. Fez aulas de pintura com as professoras e artistas visuais, Ondina Pozoco e Michele Filomena. Continuou seus estudos acadêmicos na área da Educação UFRGS com os professores Paola Zordan e Máximo Daniel Lamela Adó, que incentivaram a escrita criativa, dentro da linha da filosofia da diferença.