O TOCADOR DE SINOS
Luís Felipe
Maldaner nasceu
em Cêrro Largo-RS, (1956), é Mestre em
Administração pela Unisinos e Doutor em
Estudos Latino Americanos pela Hankuk
University of Foreign Studies de Seul,
Coréia do Sul. Foi funcionário do Banco do
Brasil, por mais de 36 anos, atualmente é
Diretor de Participações e Inovação do
BADESUL, e Professor do Mestrado
Profissional em Gestão e Negócios da
Unisinos. É autor de: “Um dia na Vida de
Ambrósio Boaventura” – contos - Ed.
Movimento, 1984; “Os Macacões Cinza-Chumbo”
– novela – Ed. Movimento, 1985; “Vontade
doida de não morrer” – contos – WS Editor,
2003; 2ª. Ed. em 2006; “O Desafio da
Inovação: Brasil x Coréia do Sul” – Editora
Feevale, 2006 – 2ª. Ed. em 2012.
Seu conto “Nabala vai Morrer” foi
selecionado para a coletânea Contos do novo
milênio, organizada por Charles Kiefer e
lançada pelo Instituto Estadual do Livro, em
2005. O conto “Vontade Doida de Não Morrer”
foi selecionado para a coletânea Banco de
Talentos 2005, organizada pela FEBRABAN. A
revista eletrônica Bestiário, em seu no. 24
(abril-maio 2006), publicou o conto
“Silêncio”. Entre outros prêmios literários,
em 2005, foi classificado em primeiro lugar
no 37o. concurso nacional de contos de
Paranavaí-PR, com o conto “O tocador de
sinos”.
Sob tensão
frequente
Laís Chaffe, escritora
Wunibaldo, o tocador de sinos que dá nome a
este quarto passeio de Luís Felipe Maldaner
pelos bosques da ficção, não é corcunda, mas
só tem a perna esquerda. É um analfabeto
cheio de paixão pelos livros e, como
encadernador, vivencia esse amor quase
impossível. Estranho? Tem mais: o solitário
personagem apaixona-se por uma cliente de
sorriso meigo. E sem um dente.
Maldaner divide o livro em três partes:
Solidão, Estranhamento e Paixão. A história
de Wuni, primeira delas, já demonstra que,
se um ou outro aspecto pode ser mais forte
em cada conjunto de contos, nem por isso os
demais estão ausentes. Situações e tipos
estranhos, solitários e tomados por paixões
dramáticas, quando não trágicas, acompanham
o leitor o tempo inteiro. Wuni também se faz
presente, de forma direta ou pelo sino, que
se ouve repetidas vezes ao longo dos contos.
Um personagem é perseguido por anões que
rasgam sua roupa. Outro, vítima de uma
tragédia na infância e atormentado pela
culpa, tem delírios persecutórios com ratos,
baratas carnívoras e jacarés. Há ainda o
cego, anestesiado e conduzido à força para
uma clínica, de onde sai após receber
dinheiro, um abraço e nenhuma resposta.
Sob tensão frequente, as criaturas de
Maldaner quase sempre bebem, em geral do bar
do Guedes. Não raro há um revólver por
perto. Assim como o cego, também não
recebemos respostas. E Wuni segue tocando o
sino, pontuando tempo, destino, vida e
morte. Dobrando por quem mesmo?