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Título: Interlocuções na fronteira
entre psicanálise e arte

Autor: Lucas Krüger, Lísia da Luz Refosco
e Sander Machado da Silva (Orgs.)

Dimensões: 15 x 21 cm
Páginas: 250
Gênero: Psicanálise, Arte
Publicação: Artes & Ecos, 2017


Este livro fala do desejo compartilhado de aventurar-se nas complexas fronteiras entre arte e psicanálise. Nossa aposta é, em primeiro lugar, a de estabelecer um diálogo entre esses campos distintos. Com efeito, o reconhecimento das especificidades dos diferentes pontos de vista e linguagens é a ética que sustenta este projeto.
Situar um trabalho na tensão dessas fronteiras levanta a questão de quais seriam as possíveis formas de trânsito por esses territórios. O risco que se insinua nesses caminhos é o de realizar uma travessia colonizadora, isto é, invasiva e dominadora. Diferentemente disso, pretendemos trabalhar em um terceiro campo – um entre dois – território cosmopolita dos processos de subjetivação que é fertilizado pelos encontros entre os estrangeiros que por ali circulam. Por meio de um espaço de existência paradoxal e de fronteiras tridimensionais, esse terceiro território que se situa entre as fronteiras do campo psicanalítico e artístico, abrem-se potencialidades para a emergência de algo novo.
Desse modo, o desafio não se trata apenas de afinar a escuta ao idioma do outro sem forçar traduções, mas também e necessariamente, de interrogar a própria forma de ver ao propor novos ângulos, permeando os enigmas de diferentes concepções teóricas. Assim, nossa abordagem não fará uso do conceito de sublimação, comumente aplicado ao campo da arte, tampouco pretendemos explorar uma arqueologia dos sentidos inconscientes nas produções artísticas. Inscrevemos, assim, nossa proposta no registro de uma implicação reflexiva, um campo implicado com o outro, não um campo aplicado ao outro.
Em convergência, os ensaios que compõem o livro são escritos por psicanalistas e artistas. Dessa maneira, abrem-se possibilidades de complexizar concepções de interesse mútuo. Isso inclui passeio por aspectos históricos, conceitos artísticos e repercussões clínicas. Por essa via, afirma-se a marca da alteridade desta produção.
Como cada um desses saberes podem, juntos, produzir tensionamentos e propostas para ambos os campos?
De um lado, está a América; de outro, há a Europa. Limites de terra que não se tocam, mas que podem comunicar-se e alcançar o outro lado pelo terceiro espaço que lhes permite esse movimento: o Oceano Atlântico. Este, com seu histórico de piratas, lendas de monstros, que serviu como meio para que um povo colonizasse outro no passado. Oceano que o ser humano conhece muito pouco sua biodiversidade e profundidade. Assim, nosso objetivo se torna a navegação entre os continentes, permeado pela alteridade e pela curiosidade, sem deixar de levar em conta que sabemos pouquíssimo sobre a vida e geografia profunda desse oceano, mas possuímos o desejo de seguir sem naufragar por um caminho sem mapa, com a possibilidade de cambiar riquezas.

Lucas Krüger, Lísia da Luz Refosco, Sander Machado da Silva